2012 é de Logum Ede e agora amanhemo-nos

Candomblé é uma religião derivada do animismo africano onde se cultuam os orixás, principalmente no Brasil, pelo chamado povo do santo. A religião que tem por base a “alma” da Natureza, sendo portanto chamada de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos de África juntamente com seus Orixás, sua cultura, e seus idiomas, entre 1549 e 1888. Embora confinado originalmente à população de negros escravizados, proibido pela igreja católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou em quatro séculos, e expandiu-se consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. Estabeleceu-se com seguidores de várias classes sociais e dezenas de milhares de templos – um estudo recente declara que aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declara o candomblé como sua religião -, só na cidade de Salvador existem 2.230 terreiros registados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros e catalogados pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, (Universidade Federal da Bahia). Na cultura brasileira as religiões não são vistas como exclusivas, e muitas pessoas de outras crenças religiosas — até 70 milhões, de acordo com algumas organizações culturais Afro-Brasileiras — participam em rituais do candomblé, regularmente ou ocasionalmente. Orixás do Candomblé, os rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro, por outras palavras é impossível estar-se em Salvador e não sentir o candomblé.

Sou ateia praticante o que faz de mim uma curiosa e sempre que estive em Salvador da Bahia fiquei incrivelmente perto desta religião fascinante que nos transporta para a natureza. E o que somos todos nós senão parte integrante da natureza. Assim, percebe-se que a conversa com a “Mãe de Santo” seja duma beleza tranquilizadora: não faz futurologia, não tem o crime e castigo. Torna-nos, sim, perto da nossa essência, faz-nos alcançar a nossa íntima ligação com a nossa natureza. Eu sou das águas dos rios, o meu Orixá é Oxum. Oxum é um orixá feminino dos rios, do ouro, deusa das riquezas materiais e espirituais, dona do amor e da beleza, protege bebés e recém-nascidos. A minha Oxum é dona duma personalidade forte - tal como os rios é impensável alterar o curso da água -, que não aceita ser relegada para segundo plano afirmando-se em todas as circunstancias da vida fintando todos os obstáculos para chegar ao destino – tal como os rios-. 
2012 é o ano de Logunedé ou Logum Ede, é um Orixá que na maioria dos mitos costuma ser apresentado como filho de Oxum e Oxóssi, segundo a lenda, vive seis meses nas matas a caçar com Oxóssi e seis meses a pescar no rio com Oxum. Esta característica de ligar o feminino de Oxum ao masculino de Oxóssi leva-o a ser representado como uma criança, logo símbolo de pureza.
Se 2012 fosse humano seria uma criança: todos os dias tenho tido uma novidade, umas vezes boa e outras vezes má, mas não pára, tem sido um manancial de acontecimentos, a nível diário, de coisas a acontecer. 2012 é irrequieto e impaciente tal como as crianças. 2012 surpreende-nos todos os dias tal como as crianças.

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